Todas Nossas Publicações

Foto da Dra Claudia Azjen

2 palavras que podem transformar a vida dos idosos

Por Dra. Claudia Azjen

Como melhorar a qualidade de vida dos idosos? A vida acontece e as pessoas com as quais costumávamos dividir nossos dias e realidades vão tomando diferentes rumos. Diferentes profissões, moradias, interesses, enfim. Em nossas vidas podem ter surgido perdas levando à viuvez e/ou perdas de amigos próximos, ninho vazio com a saída dos filhos e outras tantas possibilidades.
Sensação de abandono e desamparo são queixas comuns nestas situações e as escuto com certa frequência em consultório. O que fazer?

Duas palavras mágicas que inspiram o bem-estar dos idosos

Existem duas palavras que, unidas, nos trazem uma realidade que vem demonstrando fundamental importância com o aumento da longevidade – REDE e APOIO. Na verdade, a existência de uma rede de apoio é fundamental em toda e qualquer idade, como podemos ver pela força na definição das palavras:

  1. REDE:
    “Entrelaçamento de fios, cordões, arames etc., formando uma espécie de tecido de malha com espaçamentos regulares, em quadrados ou losangos, relativamente apertados, que se destina a diferentes usos.”
    “Dispositivo feito de material bastante resistente, usado para amortecer a queda de corpos.”
  2. APOIO:
    “Tudo que serve para amparar, firmar, sustentar; arrimo, esteio, fundamento.”
    “Proteção ou ajuda que uma pessoa dá a outra; amparo, auxílio, socorro.”

Como criar uma rede de apoio

Vamos iniciar do começo? Quais as ações que podemos ter que poderiam nos propiciar uma nova rede de conhecidos e por sequência, amigos? Como podemos alterar uma rotina que já não se mostra satisfatória e está gerando sentimentos inadequados para uma boa qualidade de vida? Parar e refletir é necessário.

Com o aumento da longevidade, muitas modalidades de atenção ao público 60+ foram surgindo. Seria difícil enumerá-las, mas encontramos atividades que abrangem todos os “nossos corpos”: atividade física, mental, espiritual, estimulações cognitivas e oficinas de memória, dança, coral, artes, trabalho voluntário ou remunerado (sim, existem) cursos dos mais variados temas, universidades abertas aos idosos, informática e línguas entre outros.

Atualizar-se e buscar inserção social e cultural é sinônimo de buscar saúde e qualidade de vida. Estas ações trazem benefícios aos idosos e aos seus familiares, uma vez que os últimos também passam a enxergar as alterações que ocorrem com “seus” idosos. As mudanças reverberam para todos os lados.

Riqueza nas trocas

Não existe limite de idade para alterar comportamentos e tecer uma rede de apoio. Digo isso pois vejo em consultório e também em meu dia a dia no curso da Universidade Aberta para as Pessoas Idosas – UAPI da Universidade Federal de São Paulo – Unifesp. O curso com quase 22 anos de existência na unidade Campus São Paulo/Vila Clementino, a UAPI/Unifesp tem por objetivos proporcionar melhor qualidade de vida física e mental aos idosos; estudar as implicações do envelhecimento; ​promover integração cultural; reciclagem de conhecimentos; ​propiciar reinserção social; ​estimular integração ao meio acadêmico e resgatar a dignidade e cidadania. Curso gratuito com atividades duas vezes por semana.

Pudemos capacitar a turma para adentrar ainda mais ao universo virtual através de “janelinhas”, lives, plataformas virtuais, mensageiros instantâneos e muito mais. Assistimos filmes, documentários, debatemos temas importantíssimos, nos divertimos, jogamos sudoku e exercitamos a memória de diferentes formas…o público 60+ mostra a que veio. Quanta riqueza nestas trocas.

Proximidade e pandemia

Estamos no início de 2021 e seguimos mergulhados em uma pandemia com importantes sequelas e implicações, COVID-19 jamais será esquecido. Em nosso dia a dia, tecer uma rede de apoio é fundamental, e o que dizer então de um momento onde o isolamento e o distanciamento social são uma imposição global e fomos suprimidos de abraçar a quem gostamos e amamos? Mantenha distância de pelo menos um metro e meio!!! Essa ordem nos abalou…

Pois é pessoal, portanto, tomarei a liberdade de unir as definições de REDE e APOIO para finalizar nossa troca de hoje.

Sigamos entrelaçando fios para podermos montar nosso dispositivo feito de material bastante resistente para amortecer nossas eventuais quedas. Vamos em busca de tudo que sirva para amparar, firmar, sustentar e dar fundamento na busca por proteção ou ajuda que uma pessoa pode dar a outra, gerando amparo e acolhimento.

 


 

Dra. Claudia Ajzen
clauajzen@gmail.com

Graduada em Psicologia pela Universidade Paulista, UNIP. Fez Especialização em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo, UNIFESP, e Especialização em Educação em Saúde, pela mesma Universidade. Tem o Mestrado Profissional em Ensino em Ciências da Saúde.
Foi Doutorada em Ciências pela Universidade Federal de São Paulo, com a tese: “Representações Sociais de Idosas Sobre o Corpo e Sexualidade no Envelhecimento”, e faz ainda em pós-doutorado a Especialização em Teorias e Técnicas para Cuidados Integrativos.
Há 21 anos, Claudia Azjen se dedica à Universidade Aberta para as Pessoas Idosas, da Universidade Federal de São Paulo, e há 8 anos é a sua Coordenadora.

Compartilhe esse artigo!