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Fé!

Fogão de lenha e o filho
Há muito tempo voltávamos do Mato Grosso, da fazenda do meu pai, época que precisávamos rodar 600km de estrada de terra para chegar no asfalto. E o esperado asfalto também não era lá estas coisas.
Um dos meus irmãos estava com febre alta. A febre e o calor de quase 40 graus em um carro sem ar condicionado, não eram coisas boas a se unir. E uma viagem de dois mil quilômetros então, era arrasador. Não sei como meu irmão aguentou, mas sei que o fez.
Chegamos em São Paulo e a febre não baixava. Meus pais o levaram para o hospital. Ninguém tinha diagnóstico. A cada dia que passava ele piorava e nada de alguém dizer o que era.
Foi internado na UTI e na nada de diagnóstico. Minha mãe dormiu no hospital todos os dias.
Meu pai, em um dos dias, me chamou para rezar com ele. Só nós dois. Há uma tradição que diz que “se dois ou mais estiverem reunidos em Meu nome, aí Eu estarei”. Embora não tivéssemos o costume de rezar a dois, apenas na mesa na hora das refeições, aquela era situação especial. E nestas horas é preciso atitude especial também.
Nos ajoelhamos ao pé da cama dele, e fizemos juntos a nossa oração. Algo mudou depois daquela prece. Meu pai era forte, jamais mostrava fraqueza, e aquele pedido que fez a mim, mostrou que ele estava inseguro. Vi que ele estava com medo. E fiquei também.
Fui para o meu quarto solitário, que compartilhava com o irmão que estava hospitalizado há mais de 10 dias. O quarto estava em silêncio e vazio. Coloquei uma música aleatória para tirar a sensação ruim que estava.
Neste momento minha mãe chega para tomar banho rapidamente e trocar de roupa para poder voltar para a vigília no hospital.
A música tocada do meu quarto começa assim: “…Espera minha mãe estou voltando…” e, minha mãe, do corredor escuta está frase e começa a chorar. Eu vendo seu choro penso que as coisas pioraram. Mas, na verdade era o choro de Esperança, o choro de quem sabia que ele iria voltar. Era tudo até ela queria naquele momento: trazer o filho para casa saudável.
E de fato, nos dias seguintes um dos médicos administrou um remédio experimental para malária avançada e o corpo dele que estava muito frágil começou a reagir. Sim, ele tinha pego malária. A doença típica da região do Mato Grosso, podia ter matado o meu irmão. Mas não matou!
Será que a oração ajudou?! Será que minha mãe ter dado o significado de sopro de esperança para uma música tenha mudado o curso da história?!
Não sei.
Só sei que a fé dos meus pais fez com que eles sobrevivessem ao medo, o maior medo que qualquer genitor começa a ter assim que nasce um filho.
Nem sempre a fé e a esperança funcionam. É verdade. O momento fatal é certo para todos. Faz parte do pacote da vida, saber que ela acaba. É assim.
De qualquer forma, passar momentos difíceis com fé e esperança, somadas à razão e à ciência, deixa o processo menos pesado.
Enquanto há vida há ESPERANÇA!
P.S. Hoje, 30 anos depois dos fatos narrados acima, minha mãe, após ler esse texto, fez uma correção: quando ela ouviu o trecho da música “Fogão de Lenha” ela tinha acabado de pedir a Deus um sinal a respeito da cura do filho. A resposta veio primeiro na música, para que ela não perdesse a esperança, e depois concretizada com a volta do filho saudável alguns dias depois.
(Paulo Thomas Korte, 21 de junho de 2020, um dos fundadores do Família Nota 7).

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