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Saia curta e mulher de família 

Ana Paula, que divulgou nas suas redes sociais a carta de seu vizinho.
Carta recebida pela Ana

Nós do Família Nota 7 ficamos chocados com as notícias de jornais dizendo que uma mulher, de 22 anos, recebeu um bilhete de um de seus vizinhos do prédio, dizendo que o condomínio era um lugar de família, não era “zona”e que era para ela se vestir melhor. De fato, “Ser de família” era sinônimo de ser recatado, educado, polido, que vestia roupas discretas, etc… Isso no século passado!!!

Hoje o sinônimo de “ser uma pessoa de família” está mudando para designar aquela pessoa humana inclusiva, tolerante, amorosa, que respeita os outros e, principalmente, aquela pessoa preocupada com a educação das crianças. Porque, acima de tudo, família é o berço de crianças, onde os futuros adultos são alimentados, criados e educados. 

 E o que fez esse homem, que se acha um senhor de família, além de estar completamente fora de época, pode ser caracterizado como crime. Além disso, se ele se deu ao trabalho de escrever uma carta, intimidando e humilhando uma mulher que ele sequer conhece (não a tratou pelo nome), nem assinou o “bilete”, imagina-se o que ele faz dentro de casa com sua mulher e filha. De mentes parecidas como estas nasce o argumento, após estupro ou violência contra uma mulher, que o crime ocorreu porque a mulher estava vestida de um jeito ou de outro.

Humilhar e desrespeitar é crime

Foto antiga, da década de 40, de um homem com fita métrica medindo o comprimento da saia de mulher na praia.
Foto histórica mostra policial medindo o comprimento das roupas de mulheres na praia.

De fato, como mostra a foto tirada em 1920, havia um regramento em que as mulheres tinham obrigação de não usar roupas de banho de determinado tamanho. Na foto, um guarda com uma trena medindo a roupa da banhista na praia para saber se a cidadã estava ou não com a vestimenta dentro do regulamento. Se não estivesse: multa.

Pois bem. Hoje, não há um regramento sobre a medida da roupa. Há sim a obrigação das pessoas saírem vestidas nas ruas em locais públicos. Mas o tamanho do vestido ou da roupa, não há lei que regulamenta isso. E nisso, o Estado permite que cada um escolha o seu tipo de roupa que mais se ajusta a sua intimidade, particularidade, e individualidade. 

É bem verdade que uma pessoa não pode sair pelada na rua, pode até ser considerado “atentado ao pudor”. Isso não pode. Mas, sair com uma minissaia, um short, um decote, enfim, isso pode. Não há lei que impeça. E justamente por isso, cada um tem o direito de usar alguma roupa, do tamanho e do jeito que se sinta melhor. 

Agora, se por um lado não há lei que regule o tamanho da roupa hoje em dia, por outro, há leis – e muito severas – para quem fere a intimidade, humilha, desrespeita a vida do outro. E quem faz isso não são pessoas de família. São pessoas que com uma fachada de moralidade, cometem crimes! Crimes graves que comprometem inclusive a formação das crianças dentro destas famílias. 

A intolerância pode começar dentro da família

Foram estes preconceitos que levaram o ser humano a experimentar o que foi vivenciado na Segunda Guerra contra o povo judeu. Esta intolerância e desrespeito podem levar à solução final. Isso não é ser “de família”. Isso é ser preconceituoso, criminoso e desumano.  Pode ele, dentro da sua casa, educar sua filha e filho sobre o que é melhor vestir. E isso até uma certa idade. Depois, os filhos escolhem o que bem entender. 

Mas sair do âmbito da própria família para dizer o que o outro desconhecido pode ou não usar é extrapolar demasiadamente a sua jurisdição. E se a filha dele, com 18 anos, resolver sair com decote ou minissaia? Vai expulsar a filha de casa por isso?!

Por isso, fazemos hoje esta nossa NOTA DE REPÚDIO contra os que se intitulam homens e mulheres de família, e com este pseudo-auto-título desrespeitam o outro, humilham pessoas, são preconceituosos, e ditam normas que inclusive contrariam a Constituição Federal, podendo, às vezes, até cometer crimes e causando danos às crianças que vêm estas pessoas como exemplos para serem seguidos.

Um homem de família é um homem amoroso, tolerante e que tem conhecimento da alma humana, respeitando a individualidade, respeitando o outro, respeitando a natureza. Uma mulher de família igual, seja vestindo saias longas ou curtas. Isso é ser família hoje em dia! É nisso que acreditamos, nós do Família Nota 7!

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